terça-feira, 15 de setembro de 2009

Evolução histórica do conceito de imagem organizacional

No início da década de 60, os questionamentos em torno da importância da aplicação do constructo da imagem ao ambiente organizacional tornaram-se mais comuns, juntamente com a discussão sobre a capacidade de análise e mensuração desta proposta. Além dessas, existia uma certa preocupação sobre a possibilidade de a imagem corporativa, como era tratada na época, ser interpretada como algo superficial, visto a associação da palavra imagem com aspectos exteriores de aparência.
Apesar de todas as desconfianças, a partir do anos 1970, o conceito tomou força e institucionalizou-se formalmente como objeto de pesquisa nas áreas de marketing e comportamento do consumidor, incluindo-se assim entre os fenômenos mercadológicos que impactam severamente as empresas.

Joan Costa, defensor de que a imagem corporativa sempre existiu e foi considerada, com menor ou maior relevância dependendo da fase do desenvolvimento das organizações, defendeu, em seu livro “La imagem de la empresa” (Madrid: Ebérico Europea de Ediciones, 1977), que a evolução histórica da imagem das empresas se desenrolou em três etapas ao longo do tempo.

A primeira fase, que segundo o autor coincide com o período da Primeira Revolução Industrial (1750-1850), foi caracterizada pela ênfase na produtividade e em tudo o que contribuía para melhorá-la. Nessa época, as empresas não conseguiam detectar com clareza a existência e/ou a natureza de suas imagens, e no máximo, em alguns poucos casos em que era assumida, tinha papel de pouca relevância diante dos objetivos prioritários das empresas, quais sejam: fabricar, aumentar a produção e comercializar.

A segunda fase, já durante a Segunda Revolução Industrial (até 1870), aconteceu concomitantemente com a orientação para a produção em massa e a conquista de novos mercados, situação que fez com que o interesse e a necessidade de vender fizessem as empresas perceberem a importância de se possuir uma boa imagem. Nesse período, houve uma revolução nas comunicações, quando desenvolveram-se destacadamente os meios de comunicação, e com eles a publicidade, as relações públicas e o marketing, disciplinas que facilitaram o relacionamento com a opinião pública e os processos de desenvolvimento de boa vontade dos públicos em relação às empresas. Nessa etapa, os empresários começaram a entender que era altamente proveitoso, além de muito importante e até mesmo necessário, que as empresas possuíssem uma boa imagem, visto que a imagem atua como poderoso instrumento a serviço das organizações.

Finalmente, na terceira fase, ocorrida após 1870, os gestores compreenderam que a imagem das empresas é um ativo que precisa ser cuidado, e ficou claro que, além de positiva, deve também ter longevidade. Costa (1977), inclusive, menciona que a imagem corporativa passou a ser tratada como um importante elemento no ciclo de vida e na eficácia das empresas, visto que uma imagem bem comunicada potencializa as demais atividades desenvolvidas pela corporação.

De qualquer forma, independentemente da evolução histórica do conceito, o importante é destacar que a imagem corporativa adquiriu tamanho vulto de importância na academia e no contexto organizacional que alguns autores de vulto como Bello, Vázquez e Trespalacios (1993, p. 407) são categóricos em dizer que a chave do êxito empresarial não está unicamente na produção orientada para o consumidor e o mercado, mas também em comunicar às audiências de maneira eficiente o que é e o que faz, entendendo-se, assim, que é de primordial importância que as organizações tenham e sustentem uma imagem organizacional nítida e, principalmente, diferenciada.

2 comentários:

  1. Caro Prof. Wilson, considerando esta última fase descrita por Joan Costa, bem como a voz dos autores que menciona no texto, ouso interpretar que a Imagem de uma Organização deve ser tratada como um produto seu e adaptada a todas as fases dos 4 p's de McCarthy. A imagem é um produto que tem preço, distribuição e comunicação e para ela deve-se agregar valor promovendo diferenciais competitivos que a perpetuem no mercado. Penso assim...Abraço,

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  2. Observando as três fases destacadas dos estudos do Joan Costa, percebo que a necessidade comercial e de vendas é a grande motivadora das empresas para cuidarem desta questao. Isto me faz pensar que se as empresas fossem sempre bem sucedidas comercialmente talvez não se preocupassem tanto assim com sua imagem. Isto é fácil de notar ao lembrar da epoca das gigantes estatais como telesp, banespa, entre outros. No momento em que as privatizações começaram, dando início a uma nova fase de concorrência feroz, então nasceu uma nova abordagem na comunicacao destas empresas. A Embratel passou a se apresentar como uma empresa preocupada em dar oportunidade de comunicacao ao brasileiro. Antes deste tempo, com a manutencao do monopolio, pra que se preocupar com imagem se o plano de expansão tinha lista de milhares ou milhoes de futuros clientes?
    Outra coisa.... também fiquei pensando no comentario do Roberto sobre acrescentar um item aos 4 p's... Imagem da marca...interessante.

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