terça-feira, 10 de novembro de 2009

Tem esperança???

Roberto ... lamento o acidente sofrido por sua mãe e também pelo sofrimento ao qual ela foi submetida durante o tempo em que ficou internada. A dor e o descaso no atendimento poderiam ser atenuados com mais profissionalismo, certamente. Contudo, apesar da consternação dela e dos familiares, creio que devemos ampliar o debate, visto que este não é um caso isolado. Diariamente, no Brasil e no mundo, milhões de pessoas sofrem em conseqüência da pobreza e da falta de acesso a bons planos de saúde. Conseguintemente, quem não tem dinheiro ou plano de saúde está vulnerável a todo tipo de descaso. Particularmente creio que o problema do atendimento nos hospitais é grave, sim, mas não é o mais complexo. Se chegarem os recursos mínimos para seu funcionamento e se uma administração firme for implementada, será possível atingir bons níveis de atendimento. Isto pode ser comprovado no trabalho realizado no Hospital do Câncer de Barretos. Infelizmente o bom uso dos recursos e o elevado padrão de qualidade no atendimento ao público não são vistos na maioria dos hospitais públicos em nosso país. O problema mais grave está no descaso endêmico com que se tratam os recursos públicos e a maneira dissoluta com que o país está acostumado a ser gerenciado. Políticos que não trabalham, corrupção descarada, corporativismo, protecionismo, desvio de recursos públicos, discursos triunfalistas, comunicação institucional dissimuladora são características de nosso governo. Sua eficiência é absoluta na missão de desviar o foco da população dos seus reais problemas. Embriagada pelo assistencialismo e por discursos dissimuladores nosso povo nunca vai entender seus reais problemas , tampouco descobrir soluções práticas para resolve-los. Este mau exemplo moral e péssima prática administrativa que vem de cima são como um câncer até agora incurável, em metástase para todos os ambientes da sociedade. Não há desculpa para o mau atendimento. Não deveria ter tolerância para profissionais que desprezam uma senhora de 82 anos, prolongando um tratamento que poderia ser infinitamente mais rápido. Mas o descaso endêmico que começa do alto comando vai se disseminando como uma marola perseverante que atinge a ponta da linha, no caso, uma senhora de 82 anos vitima de acidente de transito. Poderia ser uma criança, um pai, uma grávida, poderia ser eu, poderia ser o professor Wilson... todos, em algum momento, podemos sofrer um acidente, manifestar uma doença e precisar de atendimento hospitalar. Nosso país tem recursos. Aliás, tem muitos recursos. Mas o modo e os critérios com os quais eles são utilizados são vergonhosos. Quem faz as leis, quem distribui os recursos não passa pela condição de quem os usa. Para os administradores e legisladores de nosso país não faltam verbas indenizatórias. Se o uso destas verbas se mostra desonesto e elas são alvos de críticas, então se inventa um novo meio de incorporar benefícios, preservando aqueles que os desfrutam. Deveria existir um senso lógico de prioridade. Um país precisa de educação e de saúde. A partir dessas duas estruturas se constrói tudo. Deveríamos nos preocupar menos com imagem, com copa do mundo e olimpíadas, e mais com aquilo que é realmente importante e afeta a todos. Existe gente boa no meio disso tudo. Sempre existem os incorruptíveis, os atenciosos, homens que são fieis ao que é certo como a bússola o é ao pólo, homens que permaneçam firme no que é certo ainda que caiam os céus...Roberto, infelizmente sua mãe foi vítima de um sistema falido, que a maioria dos nossos lideres políticos nunca experimentaram, ou já esqueceram de como é ineficiente. Já que tudo começou com uma historia pessoal, termino com a minha. Quanto levei meu filho, que nasceu com síndrome de down ao pediatra nas primeiras semanas de sua existência, ouvi de um medico experiente uma frase dura mas realista: Seu filho precisa valer mais vivo do que morto... ou seja, se você tiver dinheiro para pagar fisioterapeuta, fono, TO, escola especializada, etc... ele terá amigos, será importante e terá atendimento. Caso contrário, será um fardo, um estorvo, alguém que melhor seria não ter nascido. Duro, porém real. Isto me motiva. Sucesso a todos. Martin

2 comentários:

  1. É Martin, além do sistema falido, vale lembrar a forma como os médicos estão sendo formados hoje no Brasil. Universidades sucateadas, Universidades em que os diplomas custam 5 mil reais/mês, etc. problemas que refletem diretamente nos pacientes.

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  2. Martin, belo comentário, e concordo em gênero, número e grau. Mas nossa saga continua, e outros capítulos virão. Se não neste nosso blog, que já não cabe, mas no meu que pode ser visualizado no endereço http://profrobertomalacrida.blogspot.com

    abraço,

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