O documentário “O mundo segundo a Monsanto”, da jornalista francesa Marie-Monique Robin, no qual apresenta a forma corrupta e predadora da empresa Monsanto comercializar sementes e agrotóxicos pelo mundo, nunca havia recebido resposta diante das denúncias e fatos levantados.
No entanto, o site brasileiro da Monsanto tenta se justificar das denúncias mostradas no vídeo.
Em entrevista à Folha de São Paulo (26/01/2009), Marie-Monique Robin disse: "É interessante que meu livro tenha sido traduzido para várias línguas, meu documentário visto em 20 países, e a Monsanto não tenha dito nada, mas aqui [no Brasil] acabaram de me dizer que o site deles fala algo sobre meu documentário. Até aqui, em todos os lugares a que eu tinha ido, os representantes da Monsanto me diziam: "sem comentários"."
Pesquisando em sites brasileiros foi possível encontrar diversas ações da Monsanto para melhorar sua imagem. Parceria com a USP, premiação de empresas, e Greenwash (tentar designar atitudes de responsabilidade ambiental quando na verdade são apenas ações de marketing).
Segundo Luiza Bragion em artigo publicado na Revista ComCiência “Com efeito, a vertiginosa multiplicação das iniciativas empresariais, que confundem o articulado leque que abrange marketing social, filantropia, investimento social privado, responsabilidade social empresarial e sustentabilidade corporativa, sugere o caráter incipiente de um processo, que, na pior das hipóteses, se manifestará como mero greenwash (“vamos dar uma pintadinha de verde na organização”)”.
Ainda no caso Monsanto, Bragion cita um estudo de 1996 de Kenny Bruno onde “cita a Monsanto como uma das maiores praticantes de greenwashing. A empresa tenta passar para o consumidor a idéia de organização filantrópica, interessada na proteção do meio ambiente e preocupada com a fome no mundo. A realidade é muito diferente. Na sua campanha, a Monsanto não propõe a compra de seus produtos. Ao contrário, seus anúncios são produzidos em tons educativos, simulando transparência e uma linguagem longe de ser agressiva. No final do texto publicitário, a surpresa para os leitores: um convite para visitar sites de seus maiores críticos como o Greenpeace, Friends of the Earth e Food for Our Future. Tais grupos, como se sabe, são opostos à biotecnologia, e portanto, às atividades principais da Monsanto. Mas por que gastar milhões de dólares para informar o público sobre as idéias contrárias às da empresa? Como admitem os empresários, a estratégia é uma reação aos órgãos críticos, acusados pela companhia de divulgarem informações falsas. Tais anúncios são claros exemplos de Greenwash. Ou seja, proporcionam uma imagem verde e ecologista a um produto, técnica atualmente constantemente empregada pelas multinacionais. É o que se chama de “lavar a imagem da empresa”, geralmente após outras estratégias de marketing, já fracassadas.”
Para encerrar, cito o case premiado pelo Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas São Paulo/Paraná "Construção de uma Nova Imagem da Monsanto em Novos Mercados fora de grandes centros urbanos" onde a Monsanto utilizou como ações: Levantamento de mailing específico de veículos regionais e jornais de cooperativas agrícolas, Visitas às redações de jornais regionais, Presença em feiras regionais, Convite para conhecer as unidades da Monsanto, Convite para conhecer as tecnologias em outros países, Relacionamento com agricultores, CineMonsanto, Projetos sociais regionais e Kit de Natal para jornalistas.
Será que os jornalistas se sensibilizarão com o kit de Natal e ajudarão na construção da boa imagem da Monsanto?
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